Escrito por Ana Lieby,
Acadêmica do curso de Gastronomia da Universidade Federal do Ceará.
A culinária gaúcha sofre forte influência da culinária Italiana
e Alemã desde os tempos da Imigração no século XIX. Sofre influência também, da
mistura da comida indígena, portuguesa, espanhola e do homem do campo, onde
surge a chamada cozinha da Campanha (mesorregião do Sudeste Rio-Grandense. Destaca-se pela vegetação dos
Pampas e criação de gado e ovinos) e, com
características mais urbanas, a cozinha da região missioneira (zonas em que
aconteciam as missões jesuíticas).
Dos diversos pratos típicos da região, um dos mais populares é o churrasco, presente nos finais de
semana e em dias festivos. O prato ficou famoso através dos vaqueiros, conhecidos
como gaúchos que foram os responsáveis pela primeira grande área de criação de
gado na América do Sul, o pampa,
região de pastagem natural que abrange parte do território do Rio Grande do Sul
no Brasil, e compreende também territórios da Argentina e do Uruguai. Essa
carne assada sobre um fogo de
chão era o alimento de mais fácil preparo, com poucos ingredientes: somente a carne e o sal grosso, espetados e
pousados sobre a brasa.
Xixo Gaúcho |
Certamente a carne preferida é a bovina,
mas o churrasco do gaúcho contemporâneo também inclui o "salsichão" – linguiça
toscana – "coraçãozinho" de
galinha; havendo ainda, o "xixo",
um assado onde são espetados — em um espeto grande, não em espetinhos — peças
de gado, frango e porco intercalados por pedaços de pimentão verde, vermelho ou
amarelo, tomate e cebola, também temperados com sal grosso.
Mas como o
gado ficou tão presente nessa área?
Antigamente, o atual território do Rio Grande do
Sul era habitado pelos índios guaranis, que viviam da
caça e da pesca. Ocupavam as margens da lagoa dos Patos, o litoral norte e as
bacias dos rios Jacuí e Ibicuí incluindo a região noroeste; os pampeanos. Como
tentativa de retirar os indígenas da mata para
poder catequizá-los, os jesuítas introduziram
no estado o gado. Os índios
passaram então a tomar conta do rebanho, que era criado solto, e comer sua
carne tendo sempre farta comida a sua disposição e em troca aprendiam com os jesuítas
a cultura Europeia e construíam casas, surgiram assim as missões.
Com a entrada dos tropeiros de São Paulo e Minas
Gerais no Sul, os índios foram caçados e levados como escravos e os jesuítas
voltaram para a Europa. O gado, como era criado solto, continuou a se
reproduzir e se espalhar pelo sul do continente, pois não havia um predador
para caçá-lo.
Quando os tropeiros voltaram para o Rio Grande do
Sul havia milhares desses animais, o gado selvagem. Começaram, então, a
matá-los para lhes extrair o couro cru, que era levado e vendido nos outros estados. Para conservarem
a carne que sobrava e a usarem como alimento em suas longas viagens, os
tropeiros começaram a conservá-la rolando-a em sal grosso para desidratá-la
surgindo assim o charque. Atualmente, o charque é a carne bovina, principalmente de vitela ou
carne jovem, cortada em pedaços chamados de mantas, salgada e exposta em
galpões ventilados, onde a carne é desidratada, ficando assim conservada. É
utilizado nos principais pratos típicos da região, como o já citado arroz
carreteiro, roupa velha, charque farroupilha e outros.
Outras
preparações presentes no Rio Grande do Sul:
O chimarrão chegou a
ser proibido no sul do Brasil durante o século XVI, sendo considerado
"erva do diabo" pelos padres jesuítas das reduções do Guairá.
A partir do século XVII, no
entanto, os mesmos mudaram sua atitude para com a bebida e passaram a
incentivar seu uso com o objetivo de afastar a população local do consumo de bebidas alcoólicas. É feito com
erva-mate moída, adicionada de água. Tem gosto mais ou menos amargo, dependendo
da qualidade da erva-mate, que, pronta para o uso, consiste em folhas e ramos
finos, secos e triturados, passados em peneira grossa, de cor que varia do
verde ao amarelo-palha.
ARROZ DE
CARRETEIRO
O arroz carreteiro ou arroz de carreteiro surgiu
quando os chamados carreteiros, que são os transportadores de cargas que
atravessavam o sul em carretas, preparavam em uma panela de ferro uma mistura
de charque picado ou desfiado com arroz. Por ser um prato simples, era
facilmente preparado por qualquer viajante solitário.
Há ainda preparações
como o quibebe (purê de moranga), a roupa velha (sobras de carnes com ovos
mexidos), o puchero (cozido de carne
com legumes), a paçoca de pinhão com
carne assada, a couve refogada,
o arroz com galinha, o charque com mandioca e o peixe... Várias são marcas dessa
cozinha, que é composta de pratos que levam às mesas sempre muitas misturas.
Referências:
http://www.culturallife.com.br/gastronomia/o-rio-grande-do-sul-pela-gastronomia/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Chimarr%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Culin%C3%A1ria_do_Rio_Grande_do_Sul
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