quarta-feira, 24 de setembro de 2014

O movimento Slow Food



       Escrito por Isaías Maciel, acadêmico de Gastronomia da Universidade Federal do Ceará
    

     Movimento criado em 1986, pelo jornalista e ativista alimentar italiano Carlo Petrini, tornou-se uma associação sem fins lucrativos em 1989. A sede internacional do Slow Food é em Bra, na Itália. O Slow Food opera tanto localmente como mundialmente junto de instituições internacionais como a FAO - Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação.

     Fundado inicialmente como uma organização enogastronômica (relação do vinho e alimentação), preocupações com a boa comida e o prazer proporcionado na gastronomia em um ritmo mais lento, como o símbolo do movimento sugere. As fronteiras do movimento se expandiram e atingiram não apenas o ato de comer nos empreendimentos alimentares, mas toda a cadeia alimentar produtiva, desde os produtores até o consumidor final. Era a qualidade de vida que estava em risco além da biodiversidade do planeta, com o Slow Food apareceram palavras como a ecogastronomia compactando ideias que mobilizam a sociedade como um todo e, para isso era preciso proteger os pequenos produtores das multinacionais da indústria da alimentação preservando o seus modos artesanais de se produzir e lidar com a terra, preservando as variedades biológicas e seus usos na dieta alimentar. Ao longo dos anos o Slow Food vem conseguindo mais adeptos, pessoas que compartilham as mesmas preocupações com o futuro alimentar das novas gerações.

     A construção na estrutura do Slow Food: a organização é gerenciada por um Comitê Executivo eleito a cada quatro anos no Congresso  Internacional Slow Food; O Comitê Executivo é o  maior órgão gestor institucional do Slow Food; Um Conselho Internacional, que representa  32 áreas geográficas e uma Fundação Slow  Food para a Biodiversidade;  Uma Universidade de  Ciências Gastronômicas que define as estratégias  políticas e de desenvolvimento do Slow Food; Mais de 100.000 membros associados em todo o mundo; Outras entidades trabalhando em parcerias com o Slow Food; Comunidades do  Alimento Terra Madre; Slow Food Youth Network, lançado em 2007 em Puebla.

    Em sua missão, com o lema “bom, justo e limpo” é evidente a postura de reflexão sobre a responsabilidade do movimento diante da sociedade moderna e o seu caminho para o futuro em que as culturas nacionais irão trilhar. O bom reflete no sabor e o aroma dos alimentos de uma matéria prima de qualidade combinados com os métodos de produção; O limpo referente a respeitar ao meio ambiente, implementando práticas sustentáveis de cultivo, defesa da saúde do consumidor etc.; o justo atentando-se aos direitos humanos com a remuneração justa pelo trabalho, economia equilibrada com a diversidade cultural dentre outros pontos.

    Atualmente a Slow Food International está presente em 160 países com sedes nacionais na Itália, Japão, Estados Unidos, Suíça, Alemanha, França e Reino Unido contando com milhares de adeptos. 

    Convivium é uma palavra Latina que significa ‘um festim, entretenimento, um banquete'. O Slow Food usa este nome para nomear seus grupos locais.  No Brasil, definiu-se usar o nome “Convívio” para os grupos locais do Slow Food. Atualmente são mais de 1500 convívios Slow Food pelo mundo afora: de Dublin à Nova Deli, de Nairóbi à Nagoya. As atividades dos convívios divulgam pelo mundo todo à filosofia do movimento e conectam os produtores de alimentos à grande rede Slow Food.

O Slow Food planeja, coordena e promove o desenvolvimento do movimento pelo mundo, neste contexto acontecem alguns eventos pelo mundo como:
                                                                                                                                                          

   O Asio Gusto (uma celebração bienal das tradições da Ásia e Oceania);
 O Cheese realizado a cada dois anos em Bra (Itália), este evento bienal que acontece desde 1997 e se tornou o principal festival internacional de produtores artesanais de queijo.


o Eurogusto celebração da comida e cultura europeia realizado a cada dois anos em Tours (França)
o Indigenous Terra Madre o próximo será realizado na Índia (2015),
o Salone del Gusto e Terra Madre realizado em Turim (Itália),
o Slow Fish uma bienal dedicada a sustentabilidade do pescado artesanal realizado a cada dois anos em Gênova (Itália).

                                                        Projetos Slow Food


Arca do gosto


O projeto viaja pelo mundo, reunindo  os produtos que fazem parte da cultura, da  história, das tradições de todo o planeta; Registra a existência dos produtos, denuncia o risco de extinção, convida  todos a fazerem alguma coisa para protegê-los.

As Fortalezas
As Fortaleza são projetos em pequena escala que  ajudam os produtores de alimentos artesanais a  preservarem seus métodos de processamento  tradicional e seus produtos finais; As primeiras Fortalezas foram criadas pelo Slow Food no ano  2000 e são o braço executor da Arca do Gosto; Os projetos das Fortalezas são baseados em  contextos geográficos específicos em todo o globo

Fortaleza brasileira
Os mercados da terra
Os Mercados da Terra criam uma rede internacional de mercados e feiras, graças à qual, os produtores de alimentos locais em pequena escala podem exibir e vender seus produtos. Os produtores comercializam produtos que:
São sazonais e locais;
Atendem aos critérios de ‘bom, limpo e justo’;
São vendidos a preços razoáveis e de forma transparente.



“Chegou a hora de cada um assumir sua responsabilidade. O ato de alimentar-se conscientemente é o grande ato político que qualquer ser humano pode fazer, portanto o mais democrático.”, segundo Carlo Petrini.



  Fontes para conhecer mais sobre o Slow Food
http://www.unisg.it/

                                                      REFERÊNCIAS



<http://slowfood.com/?-session=query_session:C813BE9F1670a120BEIi6048D280>
<http://www.slowfoodbrasil.com/>
<http://www.salonedelgusto.it/>
Slow Food. Bem Vindos Ao Nosso Mundo O Manual. 2013



segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Alimentos sem lactose

Escrito por Lara Barros,
Acadêmica do curso de Gastronomia na Universidade Federal do Ceará.

A lactose é um açúcar encontrado no leite e seus derivados. A sua concentração no leite varia de acordo com o tipo de mamífero que a produziu, sendo no leite de vaca sua concentração em torno de 4,7%. Para que a lactose seja digerida, é necessária a presença de uma enzima chamada lactase. Contudo, pessoas intolerantes a lactose possuem uma deficiência nessa enzima e assim não conseguem digerir ou digerem parcialmente a lactose.

                A intolerância à lactose pode ser dividida em três tipos que são eles a intolerância primária, secundária e congênita. A primária é resultado do envelhecimento da pessoa, a secundária é normalmente uma condição temporária causada por algum dano na mucosa intestinal. Por fim, a congênita é quando o indivíduo já nasce com essa deficiência. 

Os sintomas de intolerância a lactose são que após a ingestão de leite ou outro produto lácteo, a pessoa passa a ter dores abdominais, náusea, diarreia e até vômito. A intensidade dos sintomas varia de acordo com a quantidade que foi ingerida do alimento.
                Atualmente, é possível encontrar leites, iogurtes e vários outros produtos sem lactose ou com baixo teor dela no mercado. No processo de fabricação desses alimentos, a lactose não será removida do produto, ela será quebrada, ou seja, convertida em moléculas de glicose e galactose. Uma outra opção é a substituição por produtos a base de leite de soja, aveia, arroz e amêndoas. Queijos maturados também são indicados para as pessoas com a intolerância, pois durante o seu processo de fabricação alguns microrganismos irão degradar a lactose, diminuindo assim o seu teor.
                É importante ressaltar que pessoas com alergia a proteína do leite não podem consumir produtos sem lactose, pois neles as proteínas do leite ainda permanecem no alimento.


Para aprender uma receita sem lactose veja o Livro de receitas


Referências:

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Alimentos sem glúten

Escrito por Danuza Lima,
Acadêmica do curso de Gastronomia na Universidade Federal do Ceará.

O que é Doença Celíaca?

Nessa doença hereditária, frações protéicas do trigo, centeio, aveia e cevada desencadeiam uma série de eventos que culminam danos aos tecidos. O glúten, para os portadores da Doença Celíaca, acarreta comprometimento da camada mucosa do intestino delgado. Havendo alterações nas células de absorção. Pode ocasionar, também, lesões cutâneas, com o aparecimento de bolhas.

O tratamento para a Doença Celíaca é retirar da dieta todos os alimentos que contenham glúten. Depois de retirados, a mucosa intestinal, naturalmente, vai sarar.

Porém, a maior dificuldade está em substituir a farinha de trigo por outros alimentos livres de glúten, já que este não é um processo fácil. ‘’ Nenhuma farinha substitui a de trigo com o mesmo resultado no que se refere à estrutura e textura. “Isso porque é justamente o glúten que fornece a elasticidade necessária para que a massa se desenvolva e não fique farelenta” , observa a chef  Carla Serrano consultora da Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil ( FENACELBRA).

 Hoje, há uma maior facilidade para se encontrar pães, biscoitos, cereais e doces no mercado. A Doença Celíaca começou a tornar-se mais vista e conhecida pela sociedade.


Lojas onde se encontra em Fortaleza:
Bienutrir, Nutrir, Selene e Supermercado São Luís.


 A culinária nordestina traz, também, uma variedade de doces e salgados, bem diversificada para os celíacos, como tapioca, cuscuz, pé-de-moleque, bolo de macaxeira, bolo de batata, cocadas, mugunzá, entre outras preparações onde as farinhas alternativas são utilizadas.





Para melhor compreensão e ajuda na substituição:

Farinhas proibidas – trigo, centeio, aveia, cevada – malte.

Farinhas permitidas – amido de milho (maisena), araruta, farinha de arroz, de milho e de mandioca, fécula de batata, fubá, polvilho e trigo sarraceno.


Siga uma deliciosa receita de coxinha sem glúten aqui!




Para maiores informações:

MARIA, Lorete. Receitas para pessoas com sensibilidade ao glúten.


http://www.minhavida.com.br/alimentacao/galerias/16922-alimentos-sem-gluten-que-substituem-a-farinha-de-trigo

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Culinária Baiana

Escrito por Matheus Sales,
Acadêmico do Curso de Gastronomia da Universidade Federal do Ceará.


Falar da Bahia sem falar de sua culinária é impossível. A Bahia é um dos maiores estados de todo o Brasil, o maior estado do Nordeste, possui o maior litoral do Brasil e é um dos destinos turísticos mais procurados do país. Possui uma culinária muito rica, sendo uma das mais diversificadas (se não a mais) do nosso território.


 A culinária, assim como praticamente tudo no estado, tem muitas influências dos africanos, portugueses e, em menor escala comparando aos outros estados brasileiros, dos indígenas. Escravos vindos de diversas partes da África trouxeram consigo temperos exóticos e marcantes que dão um toque a mais na culinária baiana, além dos pratos que “nasceram” nas senzalas e os pratos ligados à religião como o candomblé, por exemplo.

Com tempero forte e de sabor inconfundível, os pratos têm como base ingredientes como a pimenta, o azeite de dendê e o leite de coco. Dentre os pratos mais conhecidos temos o Acarajé, o Vatapá, o Bobó e a Moqueca.

                        
              
            

A moqueca pode ser preparada com peixe ou com crustáceos como camarão, lagosta, ostra, lula, polvo, aratu (tipo de mexilhão), maturi (tipo de castanha) e etc. Ela tem como ingredientes básicos o leite de coco e o azeite de dendê (óleo retirado de um pequeno coco encontrado em abundância na Bahia). Outro tempero que não falta na moqueca é o coentro, folha que dá um sabor marcante e inconfundível ao prato. A moqueca é normalmente acompanhada do Vatapá e do Caruru.

O caruru é feito com quiabo, camarão seco e azeite de dendê. O vatapá possui muitas variações, mas ele é preparado originalmente com camarão seco, amendoim, castanha, pão, azeite de dendê, leite de coco e temperos (como a pimenta, bastante característica desse prato).


Um dos pratos baianos mais conhecidos, o acarajé é muito ligado à imagem da baiana. O acarajé é um bolinho de feijão que após frito, é cortado e recheado com camarão seco, saladas em geral, vatapá, caruru e muita moderação com a pimenta se comparado a outros pratos. É muito comum ver  em muitas cidades do nordeste uma mulher, vestida de branco, com saia rodada e muita renda como uma baiana, vendendo acarajé.

A base dos bobós é feita de macaxeira ou inhame, amassada e cozida com azeite de dendê, leite de coco e temperos. Com a base, são preparadas diversas variações, como bobó de camarão, frango, peixe, etc.


No caso das sobremesas, foi dos Portugueses que vieram as influências mais fortes.

Afinal, os portugueses vieram ao Brasil para produzir açúcar, principal matéria-prima de doces. Ao açúcar, foram juntados produtos tradicionais de Portugal, principalmente o ovo (tanto a clara quanto a gema) e ingredientes do Brasil (amendoim, macaxeira, milho).


quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Minas Gerais e seus incríveis sabores

Escrito por Samuel Brito,
Acadêmico do curso de Gastronomia da Universidade Federal do Ceará.

Minas Gerais

Minas Gerais é um estado fantástico, não só quando o quesito é gastronomia, conhecer Minas é desvendar a história do Brasil, ver pedacinhos de cada povo que já passou por esse país em cada cidadezinha, nos casarões coloniais, nos contos mineiros e no seu povo, que com certeza é a melhor parte deste estado.
Tudo é realmente incrível, e como eu vim falar de comida, cá estou pra dividir o que tive a oportunidade de conhecer desse estado, que me acolheu tão bem na minha visita, e mostrar para o nosso querido leitor o que Minas tem de melhor.
 Seria impossível descrever cada item gastronômico que compõe a histórica mineira, me parece que cada mineiro carrega consigo um jeito diferente de fazer cada prato, seja no interior ou nas cidades maiores, mas uma coisa todos tem em comum, a fartura, nada para mineiro vem em porção pequena, tudo tem que ser farto (e isso claro, eu adorei)


Contexto histórico

A culinária mineira, assim como todas as outras, está fortemente ligada à história de sua região. Foi no século XVI, com a chegada dos portugueses atraídos pela riqueza de ouro e diamante, que as misturas de cultura aconteceram com mais intensidade dando origem a pratos muito conhecidos hoje.
Naquela época, em consonância principalmente com a rápida imigração, as cidades ficaram superlotadas e a falta de alimentos caracterizou uma consequência. Existem registros que afirmam que muitos imigrantes morriam de fome, mas com as mãos cheias de ouro. Em virtude da escassez, as negras cozinheiras tinham que usar pouco sal (ingrediente caro naquela época) e criar pratos feitos à base de componentes como feijão preto, milho, mandioca, frutas, raízes e folhas de todos os tipos. Assim, a cozinha mineira se fez da simplicidade, sem grandes requintes, mas com um ingrediente importante, a criatividade.
Na mesa, em qualquer que seja a combinação, o angu, a couve, o quiabo, a taioba entre outros, têm presença diária. Ingredientes que também nunca faltam na despensa são o milho e a mandioca. Com eles são feitos infinidades de pratos salgados e doces. No café da manhã, o dia se inicia com uma broa de fubá saída do forno, sempre regado a leite com café. O pão fresquinho com manteiga ou queijo também é sempre bem vindo.



Indicações do autor

 Em minas, como todos devem imaginar se come muito pão de queijo, mas você só acredita na quantidade que eles comem quando se chega lá, realmente eles adoram, mas o de lá é bem diferente dos que a gente come por ai, nada como sentar num barzinho de esquina em Minas e comer um pão de queijo, feito com o verdadeiro queijo canastra.



No mercado Central de BH você vai encontrar uma infinidade de produtos, principalmente cachaças, queijos e pimenta. Vale dar uma olhada também nos souvenirs e nas panelas de cobre.



                                          


                                          





Ainda em BH eu indico o restaurante Maria das Traças, famoso pela sua galinha ao molho pardo, que realmente é incrível ( O prato acompanha angu de milho, quiabo e arroz).



                                       




Caso você vá a Ouro Preto, não deixe de experimentar a coxinha do Barroco, impossível comer uma só, é sensacional (Coxinha não é típico de MG, mas virou referências gastronômicas na cidade de Ouro preto).